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sábado, 14 de junho de 2025

Dancemos

E se o caos for inevitável, dancemos — em valsa lenta, girando como se os corpos soubessem um segredo antigo. Que a beleza do movimento desafie o colapso, e que cada passo, leve e livre, seja um hino à vida, mesmo quando tudo ao redor parecer ruir.

C.O.Magno

https://www.youtube.com/watch?v=c54kohXtbBQ...

sexta-feira, 25 de abril de 2025

PORTAS DE ABRIL

PORTAS DE ABRIL

I
Abril…
Não é só mês —
 

é nome de ponte,
 
de chave, 

de sol que rasga grades.

É manhã que rompe o medo,
 
com cravos nas mãos

e o coração em punho.

II
Foram portas que Abril abriu!
 
Portas fechadas, seladas,
 
que a esperança empurrou com o ombro nu

e o povo com a voz toda inteira!

Portas de escolas,

portas de fábricas,

portas de sonhos guardados no olhar.

III
Portas abertas à Liberdade!

— não essa palavra gasta em discursos —

mas a Liberdade real:

de amar,

de dizer,

de discordar,
de viver com dignidade!

IV 
Abril abriu a porta da rua

à Ditadura —

mandou-a embora sem saudade.

E convidou a entrar

a Justiça,

a Igualdade,

a Esperança com cheiro de madrugada nova.

V
E nós?

Nós somos os herdeiros do gesto.

Cabe-nos manter as portas abertas,

bem abertas!

Não deixar que se fechem

com trancas de medo ou silêncio.

VI 
Abril não termina —

continua

em cada voz que diz não à injustiça,

em cada mão que planta cravos,

em cada passo que constrói o comum.

Porque Abril é a porta do futuro…

E o futuro, meu povo —

é ainda e sempre construção.
                                                                       M.C.Magno, 25 Abril 2025

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Crianças do Mundo em Ruínas

Em Gaza, na Ucrânia, em Israel, na Síria,
Na Somália, no Iémen, e em tantos cantos esquecidos,
Não há dia nem noite.
Há dor, espanto e um uníssono e gutural clamor.

As crianças tombam aos vis ataques,
Vertendo sobre o ventre da “mater” sofrimento, sangue e lágrimas.
Estuprados da sua infância, persistem, a espaços, os pequenos.
Riem, brincam, jogam entre si,
Procuram o colo e abraço dos pais,
E do mesmo modo a comida, a água, o aconchego do frio.

São crianças, reflexos côncavos e convexos umas das outras,
Vítimas de guerras que as esmagam como pássaros de primavera abatidos.
Em Mariupol, Dnipro, Ascalão, Khan Yunis, e Mogadíscio,
São os mesmos olhos aterrorizados,
As mesmas lágrimas que brotam de uma fonte seca de infância.

E perante os olhares do mundo dito “civilizado”,
Os média mostram ora uma menina, Maria,
Que se esconde sob os escombros em Kyiv,
Ou Avigail, de seis anos, que perdeu a mãe em Netiv HaAsara,
Ou Ahmed, que carrega nos braços o seu irmão em Rafa.
Ora outra, Sofia, de apenas três anos,
Morta pelo impacto de um pacote de alimento,
A ajuda humanitária que, ironicamente, se transforma em arma mortal.

Entre os escombros do que era outrora lar,
Corpos estilhaçados pelas bombas e pela ganância,
Mais um menino desta tragédia humana, um anónimo em Donetsk,
Num leito improvisado, coberto de sangue,
Repete com insistência:
"Quero meu pai. Se ele morrer, quero morrer com ele.
No céu ele cuidará de mim."

Outros rostos emergem da dor:
Rashida, com 9 anos, atravessando os desertos somalis em busca de água.
Fatou, de mãos calejadas, sobrevivente na devastação de Bamako.
E Aliyah, que arrasta o seu irmão ferido pelos restos de Alepo,
Deixando rastros de sangue sob um sol abrasador.

Entre tanto horror, o mundo celebra os seus "finais felizes",
Mas por quanto tempo?
No meio de tanta desgraça, um ténue raio de sorte,
Dura apenas até o próximo estrondo de uma bomba.

Roubam a infância, os sonhos, a vida das crianças.
De Gaza a Donbass, de Ascalão a Mogadíscio,
Elas são espelhos do que somos,
Ou do que perdemos enquanto humanidade.

Malditos sejam aqueles que, em nome dos seus superiores interesses,
Economia, poder e territórios,
Destroem tudo à sua volta.
Malditos!
Estúpidos, iludidos e criminosos!
A vida é apenas um sopro,
Um instante fugaz na contagem do tempo do mundo.

     M.C.Magno  , 20 Janeiro 2025


sábado, 24 de junho de 2017

Nego-me à Morte!













Nego-me à Morte! 

Sou humanidade ousando ter corpo
Neste inferno aquém do arame farpado
Onde há lírios a florescer. 

Sou o cântico seráfico dos inocentes
Que se afunda na eternidade 
Entre orvalhadas de infinitos prantos. 

Sou o rosto dos heróis do ódio
Esbracejando no ondear das marés
Enrubescidas pela dor. 

Sou caminhante encurralado 
Essa imagem multiplicada, digna de espanto  
Até se desvanecer no clicar de um botão. 

E persisto. Para lá da tua realidade
Eu existo. Ouso superar os limites
Nego-me à morte. 

Ouso (ainda) sonhar
Inventar Futuros, Renascer das cinzas
E vestir-me, sempre, de renovados e infinitos espantos.

Deram-me à vida

Nego-me à morte! 


Maria Magno
Esposende - Portugal - 31 de Dezembro 2016




domingo, 18 de junho de 2017

SÚPLICA


Impotente! Impotente! Assim me sinto
Olhar perdido nas rubras chamas
Que me consomem em dor tamanha
E neste olhar-te, além do rúbeo espanto
Ver-te assim, abreviado a cinzas  
- disperso entre Hefesto e Hipnos -
A Gaia súplico, teu renascer
Num tempo outro, sem rasto ou memória
deste húmus trágico de recorrente História.  

MMagno

18-06-2017

versão 2 
21-02-2024

Impotente, assim me percebo,

Olhar perdido em chamas rubras, vorazes consumidoras,

Dor intensa, abraçando-me sem alarde.

Nesse olhar, para além do espanto carmesim,

Contemplo-te, agora reduzido a cinzas,

Espalhadas entre os domínios de Hefesto e as sombras de Hipnos.

Gaia, em súplicas, rogo por teu renascer,

Num tempo inexplorado, livre de rastros e memórias,

Desse solo trágico, dessa narrativa recorrente.

(Foto: internet, imagens, Pedrógão Grande)

terça-feira, 2 de maio de 2017

Proudhon, 1849


“Aquele que puser as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!”

- Proudhon, 1849
(Imagem: pintura de Gustave Courbet, 1865)

segunda-feira, 1 de maio de 2017

AMAR

Gosto de ti, assim, inteiro
Gosto de me perder em ti
Nesse nosso copioso leito
Onde sulcamos suaves marés
Gosto da imensidão do nosso amplexo
Gosto desta nossa pele feita de afectos
Atiçada por laivos primaveris
Gosto deste nosso gostar de nós
Deste doce sabor a eternidade...

MMagno
Maio2017