PORTAS DE ABRIL
I
Abril…
Não é só mês —
é nome de ponte,
de chave,
de sol que rasga grades.
É manhã que rompe o medo,
com cravos nas mãos
e o coração em punho.
II
Foram portas que Abril abriu!
II
Foram portas que Abril abriu!
Portas fechadas, seladas,
que a esperança empurrou com o ombro nu
e o povo com a voz toda inteira!
Portas de escolas,
portas de fábricas,
portas de sonhos guardados no olhar.
III
Portas abertas à Liberdade!
III
Portas abertas à Liberdade!
— não essa palavra gasta em discursos —
mas a Liberdade real:
de amar,
de dizer,
de discordar,
de viver com dignidade!
IV
Abril abriu a porta da rua
IV
Abril abriu a porta da rua
à Ditadura —
mandou-a embora sem saudade.
E convidou a entrar
a Justiça,
a Igualdade,
a Esperança com cheiro de madrugada nova.
V
E nós?
V
E nós?
Nós somos os herdeiros do gesto.
Cabe-nos manter as portas abertas,
bem abertas!
Não deixar que se fechem
com trancas de medo ou silêncio.
VI
Abril não termina —
VI
Abril não termina —
continua
em cada voz que diz não à injustiça,
em cada mão que planta cravos,
em cada passo que constrói o comum.
Porque Abril é a porta do futuro…
Porque Abril é a porta do futuro…
E o futuro, meu povo —
é ainda e sempre construção.
M.C.Magno, 25 Abril 2025